No dia 05 de outubro de
2014 meu voto foi em Luciana Genro, do PSOL. Juntamente com Eduardo Jorge, do
PV, eram os dois melhores candidatos à presidência, disparados. Findo o
primeiro turno, o povo, mais ou menos dentro do esperado, colocou Dilma Roussef
e Aécio Neves no segundo turno.
De lá pra cá ouvi centenas de argumentos sobre o não voto
em um ou em outro. Eu mesmo deixei muito clara minha antipatia ao candidato
tucano. Aécio Neves é o retrato maior da corrupção, além de tomar medidas
ditatoriais em seu Estado e praticar nepotismo descaradamente. No entanto,
tanto os argumentos anti-Dilma quanto os anti-Aécio nada mais são do que
argumentos para que o eleitor voto nulo.
Ainda não encontrei um único eleitor de Aécio Neves que
consiga justificar o voto neste ser. Ao contrário, algumas vezes, poucas é
verdade, já encontrei motivos para votar em Dilma. Ao que me parece, o voto em
Aécio é o voto de protesto, por mudança. Mas um protesto meio sem sentido.
Seria o mesmo que mudar da favela em Santos para uma favela em São Paulo,
porque as condições em Santos não são tão favoráveis. Não da pra entender a
razão disso.
Então, agora tenho plena convicção de que o melhor a se
fazer neste momento é o voto na Dilma, assim como o faria em qualquer candidato
do PT, frente a algum do PSDB. E a razão para isto é a simples comparação das
duas realidades. Pra começar, o governo tucano tem a ideia fixa em controlar a
inflação. E pra isso não abre mão de medidas impopulares, como já afirmou o
provável ministro de Aécio, Armínio Fraga, como arrocho salarial, diminuição de
poder de consumo, aumento da dívida externa, etc. E estas ações não são
possíveis invenções: foram tomadas durante o governo FHC.
Se você acha que não faz diferença entre ter uma grande
dívida externa e uma grande dívida interna, basta olhar para os países
europeus: a dívida externa de países como Grécia, Irlanda, Portugal, etc. puxou
o bloco europeu inteiramente para uma crise incomensurável. Além disso, gerou
desemprego em massa nestes países, protestos gerais e mais dívida externa para
conseguir recuperar o mercado.
Se as pessoas não consomem, a indústria e o comércio não
crescem. Se não crescem, não geram emprego. E pior: postos são fechados. Daí o
índice de desemprego no governo tucano ser tão alto. Ao contrário, a dívida
interna pode ser arrolada e renegociada. E possível calote não gera uma imensa
reação em cadeia global, levando vários países ao caos. Daí eu dar ponto pro PT
em relação ao PSDB.
Se for analisar o desemprego, o melhor momento do governo
FHC o desemprego era de 12%, contra o atual, pior momento do governo PT, é de
4,9%. Precisa dizer quem ganha ponto nesta?
Na era FHC o país era a 12ª maior economia do mundo, em
seu auge. Hoje, no momento de crise, somos a 7ª. Na era FHC a crise
internacional levou o país a perder centenas de pontos na confiança
internacional, enquanto atualmente, a perda foi bem leve. Naquela época o dolar
chegou a valer R$3,95, enquanto atualmente, no momento mais crítico e de
recorde histórico do governo petista, está em R$2,51. Com isso já temos 4X0 pro
PT.
Eu não sei deveria comentar as conquistas sociais, porque
isso é uma barbada. Tenho sérias críticas ao bolsa família do jeito que está,
mas ainda assim é melhor do que nada. Antigamente tínhamos uma imensa debandada
do Nordeste, porque não havia meios de sobreviver naquela região. Hoje, ainda
com uma grande pobreza, temos o míninmo necessário para que as pessoas vivam
com dignidade. Pode não ser perfeito, mas é uma evolução. E isso tem que
contar. Tanto que agora o governo paulista lançou o "Bolsa Crack",
pra ajudar dependentes químicos, pagando um bom valor pra clínicas de
reabilitação. Ação esta que eu fiz questão de elogiar. Se é assim, mais um
ponto pro PT. 5X0.
Corrupção como nunca vimos antes? Como quem nunca
viu? Claro, se você espera que a
informação venha até você, você nunca terá visto mesmo, porque as principais
fontes de informação sempre quiseram os tucanos no governo. Talvez porque
metade do lucro da editora Abril esteja no governo de São Paulo, através da
compra de assinaturas da revista Veja, o que justifica tantas capas
desesperadas para tentar destruir o PT, assim como do jornal Folha de São Paulo
e do jornal O Estado de São Paulo. Então você tem que pesquisar em outras
fontes pra lembrar dos problemas tucanos: compra de votos na emenda de reeleição;
corrupção nas privatizações de estatais; máfia dos sanguessugas; trensalão em
São Paulo; mensalão mineiro... tem tanta merda dos tucanos no país, que deveria
escrever um texto só pra isso. Sendo assim, ninguém ganha pontos.
Controle da inflação? Hum... tenho minhas dúvidas sobre o
real controle da inflação ocorrido no governo FHC. As medidas foram tomadas,
como citei, baseado em empréstimo internacional, o que é péssimo, assim como
aumento da desigualdade social, a maior da história do país, assim como um
arrocho salarial muito degradante. O governo do PT aproveitou o plano, corrigiu
erros e colocou a coisa no lugar. O que espero de quem entre no governo é
aproveitar as benfeitorias do antecessor e melhorá-las. Desta forma, o PT ganha
ponto por não zerar o que foi feito anteriormente, mas devo ser justo e dizer
que foi dado um ponto de partida que possibilitou a melhoria. Então o PSDB
também ganha ponto. Desta forma, 6X1.
Então, nos pontos principais, o PT ganha de lavada. E
pior: depois dos eleitores do Aécio não apresentarem sequer um motivo relevante
pra votarmos nele, eu, que sou eleitor da Dilma neste segundo turno, tive que
apresentar. Mesmo assim, é muito pouco, em relação aos bons motivos para
votarmos na Dilma. Não da pra comparar os governos e ter alguma intenção de
votar no Aécio.
Mas claro, basta apresentar motivos relevantes para
votarmos no Aécio (o que não é o mesmo que o não-voto na Dilma, pois isso é
votar nulo), que podemos conversar num nível maior.
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