Passei a vida toda ouvindo que funcionário público não faz nada. Sempre ouvi dizer que não da pra demitir nenhum deles, e que por isso são acomodados, trabalham quando querem e tratam as pessoas mal. Todo mundo fala como se fosse a maior moleza do mundo, ou um simples “cabide de empregos”.
Mesmo assim, há alguns anos tomei a decisão que queria estar nesta área, especialmente por causa da estabilidade e da garantia de salário. Comecei a estudar ferrenhamente, primeiro para os concursos de Escrevente do Tribunal de Justiça, em 2004, Escrevente do Tribunal de Alçada Cível, no mesmo ano. Depois fui prestando vários outros na área jurídica, prestei para professor do Estado em 2007, Câmara Municipal, e assim foi...
Fui nomeado professor da rede Estadual em 2008, e então comecei a conhecer bem a realidade do que é ser servidor público, especialmente quando falamos da rede estadual. A estrutura é absurdamente precária, não há valorização do profissional, enfrentamos salas absolutamente lotadas, sem preparo, sem uma assistência médica de qualidade, sem amparo, apoio ou ao menos a compreensão da respectiva secretaria estadual, ou do próprio Governo. Ainda temos que agüentar o mesmo governo divulgando propagandas falando que a educação melhorou, que investiu e que a culpa é do professor...
Todos os dias várias aulas, que podem chegar a oito, com um mínimo de vinte semanais, e um máximo de 32, mais três reuniões semanais obrigatórias e algumas horas de trabalho extra classe. Quanto mais aulas, mais se ganha, e muitos acabam faltando, mas também não ganham. Outros tantos acabam se licenciando (inclusive com direito a uma matéria na Folha de São Paulo sobre afastamentos, pelos problemas de saúde). As aulas são pesadas, com muita bagunça, gritaria, agressividade e falta de concentração. E muitas vezes temos que nos virar para conseguirmos a atenção dos alunos. Se a aula não anda (e a maioria não anda) a culpa é sempre do professor.
Farto do sistema, corri atrás de outras coisas, e acabei sendo nomeado para o cargo de Escrevente Técnico Judiciário em abril de 2010, assumindo um mês depois. Até o presente momento, estou adorando o trabalho: juntando petições das partes no processo, cumprindo determinação do juiz, atendendo o público, etc. O trabalho mistura administrativo com atendimento, muito dinâmico, por sinal.
A quantidade de processos em andamento é absurda. Não há um minuto sequer de descanso. Temos que pedir ajuda pra alguém nos cobrir, e ficar sobrecarregado alguns minutos, até para irmos ao banheiro. Mas o tempo passa rápido, e como precisamos nos concentrar, acaba sendo bem interessante. E agente trabalha, e como! Eu saio de lá na maior parte dos dias como se tivesse sido atropelado por um caminhão. Se contarmos também que falta hoje cerca de 10 mil funcionários no tribunal, e fazemos então o trabalho que deveria ser dos demais, da pra imaginar o desgaste. E como os processos têm prazos, sendo cobrado pela parte, pela opinião pública, e principalmente, pelos juízes, é tudo pra ontem. Mesmo assim, é algo que até agora acho muito bom.
Logicamente, tanto na educação, quanto no poder judiciário, temos muitos funcionários ruins, mal educados, folgados e que só reclamam da vida. Mas acho que esta não é uma característica somente do serviço público: alguém aqui nunca foi atendido pela Telefônica, nem foi fazer compras no Carrefour? Qualquer um que seja mal atendido em algum órgão público vai ficar doido da vida mesmo (eu mesmo já arrumei briga como cidadão por atendimento ruim). O problema é que um te trata assim, e você já acha que é geral.
Aí você vê o cara ler o jornal e fala que ele não trabalha. Só que o que você não sabe é que a função do cidadão é ler o diário oficial de ponta a ponta, porque ele precisa controlar prazos, publicações, determinações, etc. E esse sim deve ser um servicinho chato pra cacete! Ou, no nosso caso, estamos analisando despachos de juizes, determinações em acórdãos, ou analisando o que pede o advogado na petição, qual prazo tem cada parte, para quem deve ser enviado o processo, e um erro pode acarretar mais demora para qualquer um. E não da pra simplesmente parar o que estamos fazendo para atender alguma pessoa, quebrando até o ritmo de concentração.
A situação dos servidores estaduais hoje é fazer o serviço de dois, com estrutura precária ou de qualidade inferior a boas empresas, salários congelados, sem plano de carreira, sem possibilidade de crescimento interno, ouvindo tudo quanto é tipo de crítica de um povo que não faz idéia do que é o trabalho diário, convivendo com corrupção, politicagem e mentiras sem poder falar nada, porque quase nunca há provas concretas, e sendo alvos principais de um governo desastroso, que adora encontrar um bode espiatório pra tudo.
E mesmo assim, quando o Tribunal de Justiça abre um concurso para Escrevente, por exemplo, 105.000 pessoas se candidatam para as poucas mais de 300 vagas, achando que a partir de suas nomeações, vão ficar sem fazer nada, só ganhando dinheiro na boa. E são essas pessoas que eu mais torço para conseguirem o cargo!
Mas, mesmo com um governo péssimo, mesmo com a opinião pública falando merda sem conhecer a realidade, e mesmo com a falta de estrutura, me sinto muito feliz em ser servidor público, ainda mais no atual cargo, porque eu posso ser eu mesmo, posso trabalhar sem me preocupar em ser demitido porque um babaca não vai com a minha cara, porque a empresa está passando por problemas financeiros ou porque algum amiguinho do patrão quer a vaga. Assim como faço meu trabalho, dou o meu melhor todos os dias, com paz para trabalhar, e segurança. Mas infelizmente nem todos conseguem agradecer esta dádiva. Alguns lutam por melhorias, com manifestações, greves, ou seja lá o que for. Outros falam mal do trabalho todos os dias, se amaldiçoam e vivem mal humorados. Poucos pensam que somos afortunados, por termos conseguido vagas que muitos não conseguiram, e por, apesar de todos os problemas, conseguirmos uma segurança que a maioria não têm.
ABSURDO
ResponderExcluirOLHA Q ABSURDO..
VC RECLAMANDO DAS AULAS?
ja viu professor de escola privada fazendo reclamações das aulas? vcs funcinoarios publicos são tao tao tao tao tao tao tao acomodados que se sentem no direito de criticar o ambiente de trabalho,vc quer o que? chegar numa sala de 30 adolescentes e que vc so precise ficar sentado e ganhar seu dinheiro?..
em escola particular vc sabe mt bem que sao uams 40 pessoas por sala é mmmt mais,e vc n ve professor reclamando..
é falta de valorizaçao do trabalho por parte dos professores,eu estada em colegio privado esse ano passei pra publico,até ar condicionado tem na sala,tudo pintado sem nem um rachado na parede as cadeiras e mesas intactas,mas os professores sentem nojo de dar aula, gritam com alunos e tem a cara de pal de reclamar do emprego... imagina? vc trabalha xinga os clientes e ainda por cima se sente no direito de falar mal do trabalho
8 aulas por dia?... meu deus isso é muito?.. so se for na vida de uma pessoa q quer ser rica e é infeliz com a vida. (funcionario publico)
as pessoas trabalham 10 12 14 horas por dia.. minha mae é media trabalha feito uma condenada chega em casa as vezes dorme no sofa sem nem tomar banho,acorda na madrugada pra se arrumar..
os professores nao querer dar aula,nao valorizam as aulas,como é escola publica nao precisa tratar os alunos bem,então nao acham eles importantes,é tudo psicologico.. se começassem a ver os alunos como humanos e respeitassem se sentissem importantes de estar ali dando aula nada disso aconteceria...
um professor que acabou de se formar
da aula em colegio publico
e trabalha so 8 horas por dia
ganha 1.500 reais com ferias e tudo mais
ou seja um casal de professores,sem nada... nada sem nenhuma especialização so de acabar de se formar... se ja nao bastasse isso,ainda por cima da aula em colegio publico,ou seja. fim de carreira,conseguem ganhar 3 mil por mes..
p mim isso é um salario otimo pra um pais que tem o pib percapita de 12 mil dolares.
falo merda! o cara de cima!!!
ResponderExcluirMas acredito que ser funcionário publico não me da o direito de morcegar e fazer corpo mole!!!!
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