domingo, 3 de maio de 2015

O ABSURDO ATAQUE AOS PROFESSORES

A última semana de abril de 2015 será marcada eternamente em nosso país como um dos maiores marcos negativos à nossa democracia. Nesta semana, durante a votação de projeto de lei na Assembleia do Paraná, um grupo de manifestantes, formada em sua maioria por professores estaduais, foi atacada por policiais que tentavam isolar o local. Ataque que envolvem disparo de bombas de borracha, spray de pimenta e até mesmo cães. Repórteres e políticos da oposição foram incluídos no ataque.
Não importa se eram professores ou não. Importa que pessoas, por alguma razão, manifestavam-se e protestavam contra atos do governo que não lhe eram favoráveis, protesto este que é assegurado pela nossa lei maior, que no mundo inteiro são o reflexo de uma nação democrática, que respeita o direito a todos em expor suas ideias e opiniões, foi completamente desrespeitado pelo representante maior do Estado, eleito por este mesmo povo.
A repressão contra atos governamentais já é conhecimento público, quando o governo pertence ao PSDB. O partido, que surgiu da esquerda e se bandeou completamente para a ala mais retrógrada da nossa direita, tem em sua bagagem, uma vasta história do uso da força policial para reprimir, muitas vezes com violência, atos que são contrários ao governo. O mais recente havia sido durante as manifestações de 2013, ato que envolvia não só o péssimo Geraldo Alckimin, como o prefeito de São Paulo, que é do PT. O fato ganhou tamanha notoriedade que o país inteiro resolveu aderir, em apoio aos paulistas.
Agora, de forma absurda, inacreditável e injustificável, mais de 100 pessoas ficaram feridas por lutarem por seus direitos. A polícia, a mesma que foi benevolente com os protestos contra a presidente, agiu de  forma assassina, devo dizer, contra quem foi contra o governador. Porém, 17 policiais, que cumpriram o dever a que foram empossados, se recusando a atacar de forma covarde os manifestantes, foram presos. Aquele que cumpre seu dever de forma correta, é punido. Este é o PSDB.
O governador alegou que os policiais foram atacados por black blocks. Em imagens, nenhum foi visto, o que levou o jornalista da Bandeirantes, uma emissora conservadora, a chamar o governador, extremamente conservador, de mentiroso, tamanho o nível do ataque. Vários policiais pintaram seu corpo com tinta, para tentar justificar suas tentativas de homicídio. Algo que chegou a beirar o ridículo, sem qualquer punição por parte dos mesmos líderes que prenderam os que se recusaram a atacar.
Após, pra deixar um pouco mais interessantes os atos do governador, seu pronunciamento foi de que prefere policiais sem estudo, porque são mais fáceis para cumprir ordens. Pra quem entende bem, ele prefere pessoas burras, pois são mais fáceis de mandar.
Um show de horrores que faria inveja a muitos generais da ditadura, tamanha a agressividade da polícia. Alguns feridos em estado grave. Uma desproporção que imaginei não ver em um Estado Democrático de direito. O governador extrapolou em muito seus poderes. O que foi feito foi agressão, ato definido como crime em nosso Código Penal. Mais do que isso: diante da gravidade em que se encontram alguns feridos, houve clara tentativa de homicídio. O governador do Estado do Paraná, Beto Richa, não passa de um criminoso, que num país minimamente decente, estaria neste momento atrás das grades.
Não gosto do PT e discordo muito de muitas ações tomadas em governos do partido. No entanto, uma das coisas que tiro meu chapéu, não só para ele, como para vários partidos de esquerda (ou melhor, pseudo esquerda, pois esquerda no Brasil é uma piada), é o respeito ao processo democrático. Nas manifestações anti-Dilma que tomaram o país não houve qualquer tentativa de intimidação, repressão ou agressão contra quem agiu. Muito pelo contrário: o que foi pregado pelo partido foi o respeito a quem tentava apresentar suas reivindicações, mesmo sendo tais reivindicações a saída da presidente, o que contraria a própria lei.
Num país democrático que quer ser levado a sério no mundo, o direito de manifestação é sagrado. As pessoais devem ter o  direito de manifestarem suas ideias, se expor os pensamentos. Ideias contrapostas devem ser debatidas e utilizadas como forma de aprendizagem. Agredir quem pensa diferente não é apenas anti democrático, é um ato de extrema burrice, pois além da própria intolerância do ato, ainda se perde a oportunidade de aprender algo.

Em outubro de 2014 votei na Dilma no segundo turno. Naquela época, contrariado por ser minha última opção, pensei inclusive na possibilidade de votar nulo, diante do fato de não gostar nem dela nem do Aécio. Hoje, além da comparação obvia nos dois governos, onde o PT sempre leva vantagem nas conquistas e nos resultados, agora fica claro que se a eleição fosse realizada mais 300 vezes, em 300 vezes o voto certo seria na Dilma, pois apesar de não ser uma governante lá muito boa, ainda respeita a democracia, coisa que os tucanos estão longe de fazer.