Recentemente
tive a oportunidade de travar uma dura batalha com meu amigo Rodrigo Reis, a
respeito da greve dos metroviários. Ele apresentou um ponto de vista totalmente
contrário ao meu, e ficamos uns dois dias rebatendo e apresentando argumentos
para sustentar ou derrubar estes pontos de vista. Em geral, continuo
acreditando que sua maneira de pensar é demasiado conservadora e perigosa, uma
vez que não analisa a situação por
completo, e sugere que uma categoria não teria direito a aumento por não ter um
salário tão ruim e por alguns segmentos da iniciativa privada não conseguir o
índice pedido. Mesmo assim, é o tipo de coisa que me dá prazer em fazer, porque
neste momento um site como facebook deixa de ser um instrumento de frases
feitas e piadas, e passa a ser algo para se trocar ideias.
Com
o passar da conversa, recebemos alguns “curtir”, e algumas pessoas entraram no
debate, em geral, revoltadas com os prejuízos que tiveram com a greve. Mas
claramente a polêmica sinalizou para que outras pessoas manifestassem suas
opiniões. Obviamente ajudou bastante o fato de eu ter bastante conhecimento
sobre a realidade do serviço público e conhecer bastante doutrinas políticas
vigentes, além do fato do meu amigo ter defendido seu posicionamento de maneira
espetacular, com muita inteligência. Como não poderia deixar de ser, não
chegamos a um acordo, e ele continuou pensando da maneira dele, e eu da minha.
Mas
acho que situações como esta fazem com que a internet tenha seu valor. É uma
ferramenta popular, acessível e sem discriminação, capaz de propagar toda e
qualquer ideia, a qualquer momento, em qualquer lugar. Podem ser ideias
complexas e polêmicas, como coisas simples e defendidas pela massa. E em cada
ponto, podemos observar pontos de vista antagônicos e em que são fundados. Até
mesmo pessoas que não conhecem muito sobre algum determinado assunto acabam por
se inteirar e em algum momento até mesmo emitindo opiniões, o que as obriga não
só a pensar, fato raro hoje em dia, como a se informar sobre o assunto em que
está se debatendo.
Com
a internet descobri como se faz uma lasanha ao molho branco com recheio de
frango refogado. Descobri também qual é a verdadeira doutrina satanista, que a
mídia faz questão de esconder. Descobri uma série de informações sobre o heavy
metal que me fizeram amar ainda mais este estilo. Descobri coisas que teria uma
dificuldade imensa se fosse só pelos livros, e jamais ouviria falar se
dependesse da mídia.
É
claro, temos que nos aprofundarmos na informação. A internet, meio livre e sem
restrições, traz toda e qualquer informação, principalmente as falas. Acreditar
de pronto no que se lê é o mesmo que ver o Jornal Nacional e acreditar no que
está sendo noticiado, sem maiores questionamentos. Por isso, depois de ler a
informação, é sempre bom buscar fontes alternativas, para ter certeza do que
está sendo falado, quantas vertentes existem, e quais são os pensamentos
contrários.
Não
tive muitas razões para buscar informações mais detalhadas sobre a minha
lasanha (que aliás ficou uma delícia), mas precisei ir muito atrás do que
representa exatamente o satanismo no mundo. Descobri que as informações da
internet eram verdadeiras, porém incompletas. Me entretive num mundo
fascinante, apesar de fantasioso, que me abriu a cabeça para o respeito com
toda e qualquer forma de misticismo existente, inclusive aquele que “busca o
mal”.
A
internet tem ajudado a propagar ideias contrários à homofobia. Tem ajudado
vários países do mundo a derrubar ditadores sanguinários. Tem ajudado a
propagar informações políticas, que podem ser úteis quando escolhemos um
candidato (apesar de infelizmente as pessoas insistirem em não se interessar
por isso). Tem sido uma importante arma de conscientização social, que apesar
de ainda não trazer tantos resultados para o nosso país, pode ser de grande
valia na educação de nossos cidadãos no futuro, sendo até mesmo defendida por
boa parte dos nossos educadores.
É
um processo aberto e democrático, que pode ajudar as pessoas a desenvolverem
seu intelecto, sua capacidade de raciocínio, além de obrigarem a se posicionar
criticamente. Traz conhecimento, mesmo que seja por osmose, e mesmo que seja
pra discordar do que está sendo falado. Não é a única fonte de conhecimento,
nem a melhor, mas é um grande passo para a evolução.
E
aproveito aqui pra declarar meu amor ao facebook, que tem propiciado a
divulgação das mais diversas ideias, postagens e críticas, criando polêmicas
necessárias, debates acalorados. O facebook também é capaz de fazer as pessoas
saírem de seu mundinho fechado de resultados prontos, e se defrontem em suas
páginas, com quem pensa diferente. Além, é claro, de ser uma fonte de
futilidades, como piadas, pensamentos isolados e confissões, algo que todos nós
precisamos de vez em quando.