sábado, 31 de julho de 2010

Relacionamento pessoal no trabalho


O Tribunal de Justiça é um dos melhores locais de trabalho dentre os órgãos estaduais. Mesmo assim, está longe de ser bom. O salário sim é bom, a estrutura é razoável, as pessoas em geral são bem educadas. Mas a partir daí começam os problemas.
A quantidade de trabalho é absurda. Raramente você está tranqüilo, e quando isso acontece (o que comigo foi somente uma vez até agora) você tem que ajudar algum colega, que esteja totalmente apertado. Cada pessoa faz o trabalho de dois ou três trabalhadores. E os líderes não querem saber, cobram prazos, metas e qualidade.
A possibilidade de erro é imensa. A quantidade de trabalho é tão grande, que vira e mexe cometemos alguns erros de procedimento, mandamos processos para o lugar errado, escrevemos algo que não devia, esquecemos de fazer alguma solicitação, etc.
E graças a isso, os chefes tornam-se alucinados por cumprir tais metas. Eles têm um ritmo a mil por hora, querendo fazer tudo ao mesmo tempo. Praticamente não conversam e não aceitam demora no trabalho. A paciência é muito curta, e a capacidade de lidar com as pessoas vai ficando cada dia mais deteriorada.
Com isso, os subordinados também acabam por se irritarem, tornarem-se mais agressivos, insatisfeitos e com menor qualidade de trabalho. Junta-se a isso os outros problemas pela qual enfrenta o serviço público, e temos um ambiente terrível para se trabalhar.
E neste caso, é apenas um  exemplo, pois boa parte das empresas privadas também passa por tais problemas. O relacionamento entre as pessoas dentro de uma empresa acaba ficando muito ruim. Um quer derrubar o outro, ou outros querem desesperadamente sair do local onde trabalham. Todos vivem em um constante clima de tensão. A qualquer momento, uma briga pode ser deflagrada.
O Governo de São Paulo, a meu ver, faz isso de propósito, pois não é de hoje que os tucanos querem privatizar tudo o que puderem. Sendo assim, quanto pior estiver o serviço, mais fácil para eles se livrarem do mesmo. Já as empresas privadas, que precisam do lucro e da boa divulgação de suas marcas, ainda não se tocaram de quanto esta péssima relação entre as pessoas prejudica a qualidade do trabalho.
Ninguém que esteja infeliz com a sua rotina, especialmente quando ela é constantemente tensa, consegue desenvolver um trabalho legal. E dizer, neste caso, para que a pessoa incomodada se mude, é tapar o sol com a peneira, pois lugares assim sempre terão muitas pessoas insatisfeitas, sempre haverá uma altíssima rotatividade de pessoas, e sempre o trabalho como um todo estará prejudicado.
A sorte de tais empresas, assim como do nosso péssimo governo, é que este povo aceita ser esmurrado sem falar nada. Então, enfiam goela abaixo tudo quanto é tipo de lixo, e ninguém faz nada para mudar. E quando os poucos reclamam, colocam a culpa nos funcionários, pois é sempre mais fácil dar patada no mais fraco, do que resolver verdadeiramente os problemas.

Meu amigo candidato


Eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer, mas no ano de 2010, um dos meus melhores amigos é candidato à eleição. O professor Menezes, vulgo Nivaldão. Para piorar as coisas, pelo PSDB, o partido que eu mais odeio, com apoio de Gerlado Alckimin, que pra mim é um merda (desculpe se ofendo alguém, mas esta é a minha opinião. Vocês podem pensar o mesmo de mim se quiserem).
Eu morei um ano ao lado deste cara (o professor!). O meu extremo oposto. Além disso, tem opiniões bem diversas de mim. Algumas coisas acho bobagem, outras eu acho pura falta de conhecimento do rapaz, e outras ainda eu mesmo tenho conhecimento limitado para discutir. O cara é cristão convicto, temente a Deus e fala sobre isso boa parte do tempo. Um impulsivo incontrolável (por mais redundante que possa parecer).
Porém, foi um cara que saiu do nada, por assim dizer. De família pobre, estudou em escola pública, viveu alguns problemas familiares bem sérios, e teve que lutar muito para suas conquistas. É bem verdade que algumas vezes ele se ferrou pela sua incapacidade de controlar seus instintos, mas mesmo assim o cara possui uma empresa, formou-se, é Pós Graduado, professor de faculdade e muito ligado à educação.
Acho que algumas de suas posições podem levá-lo a se perder durante sua caminhada, como a péssima visão que o rapaz tem de funcionários públicos, ou incapacidade de relacionar os problemas da educação e do país em geral com as atitudes do governo (ele não consegue ver, por mais óbvio que seja, que seu partidinho de m... têm muita responsabilidade sobre a péssima qualidade do ensino em nosso Estado). Mesmo assim, é um cara honesto, trabalhador e cheio de ideais e de princípios. Um cara que tem o sonho de “fazer a diferença” e mudar os rumos da nossa realidade.
Espero que ele não se decepcione, assim como eu me decepcionei na vida pública. Mas muito além disso, espero que ele não se corrompa, que não se esqueça de onde veio, do que teve que passar para chegar onde está hoje, nem do que sua família o ensinou ao longo da vida. Mas acima de tudo, espero que ele nunca se esqueça do que realmente é importante nessa vida, o que podemos chamar de verdadeiro “poder”, e aquilo que faz com que coloquemos a cabeça no travesseiro e consigamos dormir bem todas as noites.
Espero que ele continue sendo o mesmo Nivaldo de sempre, depois que tiver o poder político, o mesmo maluco, lunático, imprevisível e palhaço de sempre, que vem conquistando as multidões, e que sempre continue sendo este amigo do qual tenho orgulho de ter nos últimos vinte anos...

O que faz o ciúme...


Mais alguns fatos me fazem parar pra pensar o quanto o excesso de ciúme pode ser devastador para um relacionamento. Primeiramente, presenciei um dos fatos mais bizarros, infantis e ridículos em toda a minha vida, quando a namorada de um dos meus melhores amigos mandou um e-mail destinado a mim e alguns outros amigos, descendo a lenha no namorado porque o cara gostava demais de futebol, e estava a trocando pelo esporte. Como amigo, eu não sabia nem o que pensar a respeito.
Graças a esta atitude grotesca, a briga se transformou em uma guerra, e este grande cara, que sempre foi uma das pessoas mais queridas com quem já tive a honra de me relacionar na minha vida, acabou por se isolar de todos os amigos, e transformar-se num bonequinho de um relacionamento desastroso. E sempre foi evidente que a criatura com a qual ele se relaciona tem ciúme até da sombra dele. Tem ciúme das mulheres que ele vê na televisão, da mãe, dos amigos... imagino que ela tenha ciúme até da bola do saco dele, que fica perto demais da outra...
E agora, apesar de ser de menor importância e escala, vi uma amiga, que nem era tão amiga assim, me excluir do orkut, porque eu resolvi falar com ela... e o que de tão grave eu perguntei? Se ela tinha mudado de área ou de escola, e se algum outro ex colega meu tinha entrado no mesmo barco. Acho que não consegui esconder com eficiência a mensagem subliminar entre as linhas da mensagem. Vou tentar ser mais competente das próximas vezes.
A história aqui ainda não é muito clara pra mim, pois ela sempre afirmou que o namorado era de boa, e de repente cismou comigo, como se eu fosse o cara mais cafajeste e mulherengo do mundo, estivesse dando em cima dela a poucos dias dela se casar. Eu sinceramente não sei o que ela falou ou como agiu, mas me surpreendi muito com o fato dela ter se afastado desta forma por causa disso, especialmente porque sempre a vi como uma mulher independente e de personalidade forte.
Neste caso especificamente, eu me senti surpreso com a atitude, fiquei um pouco chateado na hora, mas depois comecei a achar graça da situação, pois ela nunca foi uma amiga inseparável, da qual eu tivesse a mais profunda estima, apesar de admirá-la bastante como pessoa e como profissional, e achá-la muito agradável. Porém, no caso do meu amigo, este sim me deixou bastante chateado, e até agora não vi nenhum motivo para risos.
Ele foi um dos caras que cresceu ao meu lado, que eu compartilhei os grandes momentos da minha infância. Ele é um cara que, assim como todos os do meu círculo de amizade, viveu em situações bastante difíceis, teve que ralar muito para vencer, e conseguiu superar as adversidades e sair-se vitorioso. Ele é o tipo de pessoa que merece tudo de bom na vida. Agora, infelizmente, está vivendo um pesadelo por causa de uma desvairada. E infelizmente para mim significa ficar longe de uma das pessoas que eu mais admirei ao longo da vida.
Infelizmente temos que conviver com estas pessoas desequilibradas, que não sabem segurar o próprio ciúme e nem conseguem ter segurança de si próprias, que fazem da vida de quem os ama um verdadeiro inferno, fazendo-as abrir mão de muita coisa na vida.
E eu sinto muita falta deste meu grande amigo....

sábado, 24 de julho de 2010

COMUNICADO

Olá, amigos.

Devido ao excesso de trabalho atualmente, fazendo horas extras, e devido à falta de funcionários que acometeu o cartório onde trabalho por um longo tempo, tenho chegado em casa bem tarde, e quando não ocorre, chego bastante cansado.
Estou com minhas atividades preferidas quase totalmente paradas. Alguns projetos de pintura estão deixados de lado há um bom tempo, e faz tempo que não escrevo textos.
Ontem voltei a colocar em prática algumas idéias, e publiquei meus textos de maio, ainda esperando a oportunidade. Praticamente tenho pouco tempo, ou mesmo paciência, para analisar e publicar os textos. 
Por isso o espaçamento entre as postagens tem sido tão longas.
Porém, fico feliz por saber que agora as pessoas terão mais tempo de ler o que faço, uma vez que as pessoas costumam dizer que eu escrevo verdadeiros livros em cada texto! (rs)
Estou tentando me acostumar a escrever textos mais curtos, mas às vezes manifestar uma opinião sobre um tema complexo faz com que você tenha que deixar vários pontos de lado, o que nunca foi minha intenção. Mas eu estou tentando! (mais rs)

Sensacionalismo não


Um dia destes estava esperando minha noiva se arrumar para sairmos, na casa dela. A televisão estava ligada, sintonizada no Brasil Urgente, da Band, com apresentação do Datena. Foi relatado um caso de estupro. O apresentador fez vários comentários furiosos contra o acusado, sem que o mesmo tivesse sido julgado. A condenação ocorreu ali mesmo, num programa transmitido para todo o Estado, sem chance de defesa pelo réu, nem possibilidade de se ouvir pessoas com pensamento contrário.
Em seguida, foi feita uma pesquisa aos ouvintes, para saber o que aquele cidadão merece: pena de morte ou prisão perpétua. As opções eram somente essas, sem qualquer outro tipo de punição ou corretivo. Ou matávamos o cidadão, ou o deixávamos preso pelo resto da vida. A direção do programa nos deu estas duas escolhas.
É lamentável que a população brasileira ainda dê tanta audiência para esse tipo de lixo, que é o jornalismo sensacionalista. Não existe qualquer tipo de informação, apenas casos de violência, a maior parte das vezes regado a mortes violentas, estupro, espancamento, etc. É criada uma situação para emocionar o telespectador, deixando-o revoltado contra os bandidos, fazendo com que fiquem sedentos por sangue e vingança.
Em nenhum momento tais programas abrangem as possíveis causas do alto índice de violência da nossa sociedade. Os problemas ligados à educação, ao desemprego, a estrutura familiar simplesmente são ignorados. O que se busca é apenas a vingança, o extermínio do bandido. Parece que esta atitude irá resolver todo o problema.
Obviamente que pessoas mais instruídas percebem a péssima qualidade de tal programa e deixam de acompanhá-los. Porém, a grande massa da população não consegue ter o discernimento necessário para entender a situação como um todo, e enxerga ali homens que lutam por elas, guerreiros que irão acabar com seus principais inimigos (ou aqueles que eles pensam ser). Cria-se então uma situação de propagação do ódio, instigando o povo ao ódio.
É complicado comentar sobre o tema, mas creio que caberia por parte das autoridades uma investigação minuciosa contra tais pseudo jornalistas, com punição severa por criarem tais sentimentos na população. Temos no nosso código penal claramente que incitar a violência é crime. Fazer justiças com as próprias mãos é igualmente um ato criminoso. E o que tais jornais fazem?
Será que estamos tão traumatizados com a censura e a ditadura, que agora qualquer um pode fazer qualquer coisa sem ser punido? Será que um jornaleco de merda como essa é menos criminoso do que o estuprador?

Contra greves e contra a luta por direitos


Faz algum tempo que venho acompanhando os comentários de várias pessoas contrárias às greves, especialmente quando elas ocorrem dentro do serviço público. A maior parte das pessoas afirma que os servidores ganham bem, não trabalha e ainda fica fazendo baderna quando protesta.
Gostaria de saber em qual ponto nós nos perdemos tanto, a ponto de lutar pelos direitos seja errado. Agora todo mundo que briga pelo que é certo está prejudicando as pessoas. Você tem que aceitar o que está aí, por mais errado que esteja, porque o comentário é de que você está melhor do que muitos (e pior do que tantos outros, esquecem de comentar).
O brasileiro parece que tem ficado bastante acomodado. Aceita que o prejudique em tudo. O povo de São Paulo, então, este parece que adora tomar umas chicotadas. O metrô é sempre super lotado, ônibus demora demais, a educação é de péssima qualidade, saúde então nem se fala. Salários baixos, alto índice de desemprego, insegurança total. E ninguém faz nada.
Os servidores públicos, por terem uma estabilidade maior talvez, têm mais coragem de lutar pelos seus direitos. Via de regra, ocorre um longo período de reivindicações antes de tomar-se a atitude real da greve. Procuram conversar com os órgãos da qual fazem parte, fazem suas propostas e reclamações. Quando não são atendidos, deflagram a paralisação.
Em geral, as greves do serviço público não se resumem apenas ao salário. A idéia é sempre buscar melhorias em geral: condições de trabalho, planos de carreira, tratamento humano, etc. E via de regra, não busca o simples aumento de salário, e sim reposição de perdas da inflação, algo que é garantido constitucionalmente, em seu artigo 37.
A própria Constituição Federal dá aos trabalhadores o direito à greve quando não são atendidos. O Supremo Tribunal Federal, órgão máximo da justiça brasileira, decretou, através de uma Súmula, que os servidores públicos, trabalhadores como qualquer outro cidadão, também são amparados por tais direitos. Isso é lei, e decisão judicial, não há mais o que discutir.
E mesmo assim o cidadão acha que isto é errado. As pessoas acham que, por termos emprego garantido, e um salário que algumas  vezes é acima da média, temos que aceitar o que está errado, só porque existem situações piores. Errado é quem aceita o pior sem fazer nada para mudar sua situação, utilizando aquela máxima de: “Ah, podia ser pior.”. Não luta, se conforma, e vive de maneira medíocre o tempo todo.
Outros dizem que todo servidor entra no serviço público sabendo como é a situação, e por isso não tem que reclamar de nada. Ora, se sabemos as coisas erradas, não devemos lutar por melhorias? Então a população também não pode ficar reclamando da maneira como é atendida pelos servidores, pois eles já sabem que é assim.
Vocês querem que a situação melhore pra vocês? Então aceitem esta luta, que não existe só por nós, e sim por todos. Comecem a lutar também pelo que é certo. Se você é explorado na sua empresa, por que abaixar a cabeça e fingir que está tudo bem? Se o salário é muito ruim, por que se conformar com essa situação?
A maior parte das empresas de grande porte têm lucros assombrosos. Bancos lucram de maneira assustadora, e pagam salários medianos a seus funcionários, que são os reais responsáveis por tais lucros. E este é apenas um dos muitos exemplos que poderíamos dar.
Os patrões reclamam da carga tributária, que é alta demais,e que por isso não poderiam pagar mais a seus funcionários. Daí tentam coibir greves e punir seus mentores. Só que não fazem nada contra um governo que dificulta ao máximo a vida de suas empresas. É mais fácil bater no mais fraco. E mais covarde também.
A arrecadação de impostos, em todas as esferas governamentais, cresce assustadoramente. Os deputados têm salários hoje superiores a R$15.000,00 além dos adicionais. Nosso governador ganha por mês R$14.000,00 , também com adicionais. É justo que um professor ou um médico recebam em média R$1.500,00? É certo um enfermeiro ganhar R$1.200,00? Quem está errado nessa história?
Até quando esse povo vai continuar dando desculpas e esperando sentado?

Ser servidor público


Passei a vida toda ouvindo que funcionário público não faz nada. Sempre ouvi dizer que não da pra demitir nenhum deles, e que por isso são acomodados, trabalham quando querem e tratam as pessoas mal. Todo mundo fala como se fosse a maior moleza do mundo, ou um simples “cabide de empregos”.
Mesmo assim, há alguns anos tomei a decisão que queria estar nesta área, especialmente por causa da estabilidade e da garantia de salário. Comecei a estudar ferrenhamente, primeiro para os concursos de Escrevente do Tribunal de Justiça, em 2004, Escrevente do Tribunal de Alçada Cível, no mesmo ano. Depois fui prestando vários outros na área jurídica, prestei para professor do Estado em 2007, Câmara Municipal, e assim foi...
Fui nomeado professor da rede Estadual em 2008, e então comecei a conhecer bem a realidade do que é ser servidor público, especialmente quando falamos da rede estadual. A estrutura é absurdamente precária, não há valorização do profissional, enfrentamos salas absolutamente lotadas, sem preparo, sem uma assistência médica de qualidade, sem amparo, apoio ou ao menos a compreensão da respectiva secretaria estadual, ou do próprio Governo. Ainda temos que agüentar o mesmo governo divulgando propagandas falando que a educação melhorou, que investiu e que a culpa é do professor...
Todos os dias várias aulas, que podem chegar a oito, com um mínimo de vinte semanais, e um máximo de 32, mais três reuniões semanais obrigatórias e algumas horas de trabalho extra classe. Quanto mais aulas, mais se ganha, e muitos acabam faltando, mas também não ganham. Outros tantos acabam se licenciando (inclusive com direito a uma matéria na Folha de São Paulo sobre afastamentos, pelos problemas de saúde). As aulas são pesadas, com muita bagunça, gritaria, agressividade e falta de concentração. E muitas vezes temos que nos virar para conseguirmos a atenção dos alunos. Se a aula não anda (e a maioria não anda) a culpa é sempre do professor.
Farto do sistema, corri atrás de outras coisas, e acabei sendo nomeado para o cargo de Escrevente Técnico Judiciário em abril de 2010, assumindo um mês depois. Até o presente momento, estou adorando o trabalho: juntando petições das partes no processo, cumprindo determinação do juiz, atendendo o público, etc. O trabalho mistura administrativo com atendimento, muito dinâmico, por sinal.
A quantidade de processos em andamento é absurda. Não há um minuto sequer de descanso. Temos que pedir ajuda pra alguém nos cobrir, e ficar sobrecarregado alguns minutos, até para irmos ao banheiro. Mas o tempo passa rápido, e como precisamos nos concentrar, acaba sendo bem interessante. E agente trabalha, e como! Eu saio de lá na maior parte dos dias como se tivesse sido atropelado por um caminhão. Se contarmos também que falta hoje cerca de 10 mil funcionários no tribunal, e fazemos então o trabalho que deveria ser dos demais, da pra imaginar o desgaste. E como os processos têm prazos, sendo cobrado pela parte, pela opinião pública, e principalmente, pelos juízes, é tudo pra ontem. Mesmo assim, é algo que até agora acho muito bom.
Logicamente, tanto na educação, quanto no poder judiciário, temos muitos funcionários ruins, mal educados, folgados e que só reclamam da vida. Mas acho que esta não é uma característica somente do serviço público: alguém aqui nunca foi atendido pela Telefônica, nem foi fazer compras no Carrefour? Qualquer um que seja mal atendido em algum órgão público vai ficar doido da vida mesmo (eu mesmo já arrumei briga como cidadão por atendimento ruim). O problema é que um te trata assim, e você já acha que é geral.
Aí você vê o cara ler o jornal e fala que ele não trabalha. Só que o que você não sabe é que a função do cidadão é ler o diário oficial de ponta  a ponta, porque ele precisa controlar prazos, publicações, determinações, etc. E esse sim deve ser um servicinho chato pra cacete! Ou, no nosso caso, estamos analisando despachos de juizes, determinações em acórdãos, ou analisando o que pede o advogado na petição, qual prazo tem cada parte, para quem deve ser enviado o processo, e um erro pode acarretar mais demora para qualquer um. E não da pra simplesmente parar o que estamos fazendo para atender alguma pessoa, quebrando até o ritmo de concentração.
A situação dos servidores estaduais hoje é fazer o serviço de dois, com estrutura precária ou de qualidade inferior a boas empresas, salários congelados, sem plano de carreira, sem possibilidade de crescimento interno, ouvindo tudo quanto é tipo de crítica de um povo que não faz idéia do que é o trabalho diário, convivendo com corrupção, politicagem e mentiras sem poder falar nada, porque quase nunca há provas concretas, e sendo alvos principais de um governo desastroso, que adora encontrar um bode espiatório pra tudo.
E mesmo assim, quando o Tribunal de Justiça abre um concurso para Escrevente, por exemplo, 105.000 pessoas se candidatam para as poucas mais de 300 vagas, achando que a partir de suas nomeações, vão ficar sem fazer nada, só ganhando dinheiro na boa. E são essas pessoas que eu mais torço para conseguirem o cargo!
Mas, mesmo com um governo péssimo, mesmo com a opinião pública falando merda sem conhecer a realidade, e mesmo com a falta de estrutura, me sinto muito feliz em ser servidor público, ainda mais no atual cargo, porque eu posso ser eu mesmo, posso trabalhar sem me preocupar em ser demitido porque um babaca não vai com a minha cara, porque a empresa está passando por problemas financeiros ou porque algum amiguinho do patrão quer a vaga. Assim como faço meu trabalho, dou o meu melhor todos os dias, com paz para trabalhar, e segurança. Mas infelizmente nem todos conseguem agradecer esta dádiva. Alguns lutam por melhorias, com manifestações, greves, ou seja lá o que for. Outros falam mal do trabalho todos os dias, se amaldiçoam e vivem mal humorados. Poucos pensam que somos afortunados, por termos conseguido vagas que muitos não conseguiram, e por, apesar de todos os problemas, conseguirmos uma segurança que a maioria não têm.

O adeus a uma lenda


Dia 16 de maio de 2010 já é o dia mais triste na história do Heavy Metal. Neste dia, o mundo perdeu Ronnie James Dio para um câncer de estômago. Um dos melhores e mais carismáticos vocalistas do estilo de todos os tempos, e uma das maiores influências para a maior parte das bandas no mundo.
Sou fã incondicional de metal. Amo boa parte dos estilos e das malucas nomenclaturas que os fãs gostam de inventar: Heavy Melódico, Power Metal,  Speed Metal, Metal Tradicional, Prog Metal, Trash Metal, Death Metal e etc. Minha coleção de cds supera 300 hoje em dia, e 80% são cds de Heavy Metal. Inclusive uma das minhas últimas aquisições foi uma coletânia do próprio Dio, envolvendo partes de sua carreira no Rainbow, Black Sabbath e carreira solo. Alguns poucos meses antes dele nos deixar...
O metal tem uma grande e impagável dívida com o Black Sabbath. A banda, formada no final dos anos 60, liderada por Ozzy Osbourne, foi responsável pelo pontapé inicial para a história do Heavy Metal. Em 1980, é lançado o primeiro disco com Dio nos vocais, substituindo Ozzy, que tinha sido expulso. O maravilhoso “Heaven And Hell”. O disco é hoje um dos grandes clássicos da banda, com excelentes músicas.
Dio revolucionou até mesmo o som do Black Sabbath. Seus vocais eram bem mais técnicos do que os de Ozzy, porém, mesclando uma técnica mais clássica com doses cavalares de agressividade. Assim, a banda conseguia fazer músicas mais complexas e exigindo mais do vocalista, como músicas mais agressivas e cheias de raiva. Foi o toque que faltava para  a explosão do metal.
Daí em diante surgiram muitas bandas que continuaram este legado deixado pelo Black Sabbath: Accept, Anthrax, Iron Maiden, Helloween, Sepultura, Metallica, entre outros. Todos inovando o que já tinha sido proposto pelo Black Sabbath, mas nunca deixando de lado a imensa influência da banda para o estilo.
Eu, particularmente, que sempre amei o metal, devo muito da minha alegria com este estilo de música à banda, apesar de não ser o maior dos fãs da mesma. Mas devo mais ainda a Ronnie James Dio, que este sim, foi o pioneiro em criar o tipo de som que eu realmente amo. Até mesmo pelo grande carisma, simplicidade e clima que criou. Acredito que se não fosse por ele, eu nem seria tão fã de música como sou hoje.
Fico triste pela perda de um grande ídolo, e sabendo que um dia todos irão, e que sobrará o intenso e imortal legado que eles deixam para  a humanidade. Um dia novos nomes deverão continuar o sonho que alguns iniciaram. Mas este sonho permanecerá vivo eternamente para aqueles que o vivem. E este sonho sempre terá uma grande dívida para Ronnie James Dio, uma lenda que deixa o mundo para gravar seu nome na história.
“You´re just a Rainbow In The Dark”.

O dia das mães


A comemoração do dia das mães, uma das mais comerciais dentre todas, com certeza é motivo de alegria e felicidade para a maior parte das famílias. É o dia em que você retribui todo o amor e carinho que recebeu da progenitora ao longo da vida. Um presente que simbolize algo que você sente, de acordo com as possibilidade financeiras.
Então você escuta campanhas no rádio, tentando demonstrar o que é amor de mãe, o amor que os filhos sentem por suas mães. Comerciais, narrações de apresentadores, programas especiais, séries. É um show. Tudo pra sensibilizar os ouvintes.
Eu fico pensando nestas pessoas que jamais conheceram tal sensação. Logicamente alguns não tiveram mãe, pois ela acabou falecendo cedo. Mas a dó que tenho mesmo é daqueles que nunca tiveram amor de mãe. Aqueles que têm a mãe imersa em vícios destruidores. Aqueles que têm a mãe envolvida com prostituição. Os que têm a mãe fazendo parte do crime. Os que têm mães violentas. Ou os que a mãe simplesmente não liga a mínima se o filho está vivo ou morto.
A dor deve ser terrível. Você ter mãe, e parecer que não tem. Ter mãe e preferir que ela tivesse morrido quando você nasceu, assim você teria sido poupado de toda esta dor. Ter mãe e saber que ela é uma das suas maiores fontes de sofrimento.
Como deve ser terrível você chegar em casa cansado e encontrar sua mãe completamente bêbada, brigando com as paredes, querendo confusão por qualquer coisa, fedendo. Ver a casa toda suja e bagunçada, a cozinha cheirando a cigarro e a comida empesteada com tal cheiro.
Como deve ser horrível uma mãe que mente, que quer fazer tudo para que as pessoas fiquem contra você, inclusive seu próprio pai. Como deve ser terrível uma mãe que crie um verdadeiro inferno por causa de vícios e ainda se coloque como vítima, atacada e mal tratada pelo filho.
Imagino eu o quão terrível deva ser para um filho ouvir de sua mãe que ela teria feito tudo igual na vida, exceto por ter filhos, sendo este seu único erro. Imagino o que deve ser da cabeça de um jovem ouvindo críticas, agressões e tratamento ríspido a vida toda, e jamais uma demonstração de carinho, amor e afeto. O camarada deve enlouquecer.
Não sei, mas acho que tais pessoas não devam nutrir lá grande amor por suas mães. Não sei se seria possível sentir algo de bom por uma pessoa que represente tantas coisas ruins, ainda mais quando você percebe que parte da sua família pode vir a acreditar nos depoimentos dela, e fiquem contra você. Creio que todo mundo aprende a se virar com o que tem. Você acaba usando este exemplo pra sua vida, e se quiser algo diferente, traça caminhos diferentes. Acaba superando obstáculos, buscando a sua felicidade, independente destes problemas. Mas esta é a típica ferida com a qual você aprende a conviver, e nunca a verá totalmente cicatrizada.
E imagino o quanto deva ser ruim ouvir tais campanhas na mídia, nestes dias tão sofridos...